Jornadas de Formação Permanente do Clero
Jornadas de Formação Permanente do Clero
Estimados Padres e Diáconos:
Participamos nestas jornadas de formação permanente do Clero centradas na resposta que havemos de dar, como sacerdotes e diáconos, ao apelo que está a ser feito a toda a Igreja para a Nova Evangelização.
Toda a Igreja está convocada para participar na preparação, realização e implementação do Sínodo sobre a “Nova Evangelização e transmissão da Fé” e nós sacerdotes e diáconos queremos também responder decididamente a esta convocatória.
Para isso, colocámos como assunto da nossa formação permanente, ao longo de todo este ano pastoral 2011-12, responder aos apelos feitos pelos Lineamenta do Sínodo. Esse tem sido, de facto, o assunto dos nossos encontros regulares de formação, por zona pastoral, desde o início do ano. Nas jornadas destes dois dias, pretendemos, sobretudo que a nossa leitura dos Lineamenta e da própria convocação dirigida a toda a Igreja seja completada pela leitura complementar de alguém que vem de fora e traz consigo a experiência de presidir a uma diocese vizinha da nossa, com a qual temos muitas afinidades mas também algumas distâncias. Essa é a Diocese de Ciudad Rodrigo. E o seu Bispo, D. Raúl Berzosa, que lhe preside há pouco mais de meio ano, traz também consigo a experiência do académico e professor universitário, que continua a ser na Pontifícia de Salamanca.
Esperamos destes dois dias de jornadas sobretudo a oportunidade para relançarmos o entusiasmo e a criatividade à frente das nossas comunidades e depois, com elas, podermos ensaiar a procura dos caminhos por onde há-de correr a nova evangelização para a qual continuamos a ser convocados.
E porque a definição dos caminhos da Nova Evangelização, para nós sacerdotes e diáconos, há-de acontecer sempre em profunda sintonia com a nossa identidade sacerdotal e diaconal, vamos dedicar algum tempo, já no início das jornadas, por um lado à preparação da próxima assembleia geral do Clero, prevista no nosso calendário para os próximos dias 24 e 25 de Maio e por outro lado às instituições de apoio ao exercício do nosso Ministério que já temos e eventualmente outras que devam ser criadas. Com a assembleia geral do Clero desejamos sobretudo aprofundar as implicações da nossa identidade e missão na resposta às novas interpelações que nos fazem quer a vida interna da Igreja quer a vida da sociedade que queremos evangelizar. Sentimos necessidade de identificar bem as grandes mutações sociais com claras repercussões nos nossos ambientes e também inevitavelmente nas formas novas que a Igreja tem de assumir para dar cumprimento à sua missão evangelizadora. E dentro da Igreja também nós sentimos que não podemos continuar a exercer o Ministério como se nada tivesse mudado á nossa volta. Peço, por isso e desde já, que todos passemos a ter presente na nossa oração esta realidade da Assembleia Geral do Clero, a fim de que ela seja oportunidade bem aproveitada para nos abrirmos às inspirações do Espírito Santo e identificarmos bem os caminhos que Ele próprio nos manda percorrer.
Quanto às instituições que temos na Diocese para nos apoiar no exercício do Ministério Ordenado, quer presbiteral quer diaconal, partimos da certeza de que só poderemos cumprir bem a missão que o Senhor nos confia se nos sentirmos permanentemente animados e motivados. E também sabemos quem é o único que nos pode, de verdade, animar e motivar no exercício do Ministério – é o Senhor da messe. Mas Ele quer contar com todos e cada um de nós no processo desta motivação constante; por isso, nos coloca simultaneamente na condição de animados e animadores, motivados e motivadores no exercício do Ministério Ordenado para serviço da Igreja e em particular das comunidades e serviços que nos estão confiados.
Para lembrar e ajudar nesta responsabilidade de apoio mútuo que todos partilhamos existem nesta Diocese instituições para isso vocacionadas. Há duas voltadas para apoio aos sacerdotes – a Fundação Nun´Álvares e o Instituto Comunhão e Partilha. Há uma destinada a ajudar os diáconos permanentes – a comissão promotora e coordenadora do diaconado permanente. Ao longo desta manhã também daremos atenção a cada uma delas, sobretudo para avaliar como estão a ser utilizadas e como poderão ainda ter melhor aproveitamento, sempre com a finalidade de vivermos o nosso Ministério de olhos colocados no único modelo que é a Pessoa de Cristo.
Desejo lembrar ainda que estas jornadas de formação sobre a Nova Evangelização e a transmissão da Fé acontecem quando procuramos mobilizar toda a nossa Diocese para o encontro com a Palavra de Deus e, a partir dela, para a evangelização ou reevangelização dos nossos meios. Estamos, de facto, preocupados com o processo de reconvocar para o encontro com a Palavra de Deus os nossos praticantes habituais, mas também os praticantes ocasionais, os que se afastaram da prática cristã, os indiferentes e mesmo os críticos da Igreja. Empenhamo-nos neste processo com a certeza de que a Palavra de Deus, por si mesma, convoca e também envia para levar a novidade do Evangelho a meios e ambientes onde ele de facto está ausente. Sabemos que a Palavra de Deus, por si mesma, é eficaz e, por isso, faz de nós verdadeiros discípulos de Cristo missionários.
Para tentarmos passar á prática, com as nossas comunidades, estas convicções de Fé, contamos com a ajuda pontual de duas ordens religiosas missionarias – Os Redentoristas e os Verbitas. A ajuda externa que nos oferecem é principalmente para despertar nos nossos colaboradores habituais e, a partir deles, em outros que respondem ao convite, o autêntico ardor missionário de evangelizadores, a partir do encontro coma Palavra de Deus feito nos grupos bíblicos. As quatro celebrações arciprestais a que já presidi, no final da passagem destes missionários pelas diferentes comunidades e ambientes, selecionados segundo o critério dos Párocos em diálogo com os seus colaboradores mais directos, foram muito animadoras e deram clara indicação de que estamos no caminho certo, embora difícil. Por sua vez sinto que as experiências já feitas nos vão transmitindo a mensagem de que nós padres e diáconos temos de nos assumir cada vez mais como os educadores da Fé. E, como todos os educadores, precisamos de ter bem clarificado o projecto educativo que propomos às pessoas e para o qual as queremos motivar. É normal encontrarmos muitas resistências, mas como educadores que somos, não desistimos, antes procuramos ajudar-nos mutuamente, sempre ao lado uns dos outros e aprofundando a nossa condição de aliados de Cristo, o único Bom Pastor, no apontar dos caminhos da Fé.
Esta é a nossa missão e esperamos sair destas jornadas remotivados para a assumirmos cada vez com mais coragem.
Guarda, 25 de Janeiro de 2012
+Manuel R. Felício, Bispo da Guarda