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Secretariado Diocesano da Guarda dos Meios de Comunicação Social

O Secretariado Diocesano da Guarda dos Meios de Comunicação Social tem como finalidade promover o diálogo com os Meios de Comunicação Social locais, regionais e nacionais.

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O Secretariado Diocesano da Guarda dos Meios de Comunicação Social tem como finalidade promover o diálogo com os Meios de Comunicação Social locais, regionais e nacionais.

Homilia de D. Manuel Felício na ordenação de dois novos padres

30.06.09, dioceseguardacsociais

Homilia de D. Manuel Felício, Bispo da Guarda, no dia 28 de Junho, na Sé da Guarda, na ordenação de dois novos sacerdotes

 

1.

Damos abundantes graças a Deus, porque o Senhor novamente nos reúne nesta nossa Catedral para nos oferecer o presente de dois novos sacerdotes e fortalecer na caminhada para o ministério sacerdotal mais três candidatos que hoje serão instituídos no Ministério de Acólito.

Damos-lhe graças também porque hoje nos dá a oportunidade de encerrarmos, nesta mesma celebração, o Ano Paulino, que foi uma bênção do Céu para a Igreja Universal e também para a nossa Diocese no conjunto das suas comunidades de Fé. E por isso a celebração de hoje é também Jubilar, com oportunidade de ganhar a respectiva indulgência.

A nossa acção de graças é também pelo Ano Sacerdotal que, por expressa vontade do Santo Padre Bento XVI, inaugurámos há pouco mais de uma semana. Celebrar a Ordenação de dois novos padres em Ano Sacerdotal é também uma coincidência feliz que desejamos nesta hora valorizar. No ano sacerdotal que estamos a viver queremos em primeiro lugar escutar o apelo do Papa a nós, que já fomos ordenados, para que aprofundemos a fidelidade ao dom recebido, diante da própria fidelidade de Cristo à missão que o Pai lhe confiou; queremos escutar o apelo que ele dirige a todo o Povo de Deus para redescobrir à luz da Fé onde está o essencial do ministério ordenado na vida da Igreja. De facto a Igreja nasce de Cristo continuamente pela Eucaristia. E o Padre que é portador do Ministério Ordenado lembra-lhe constantemente essa dependência amorosa e em nome do mesmo Cristo continua a congregá-la. A conduzi-la em representação do único Bom Pastor e a distribuir-lhe os dons de Deus.

Queremos continuar a escutar o apelo do mesmo Papa dirigido a todo o Povo de Deus quando convida a situar bem o Ministério Ordenado na vida da Igreja e no conjunto dos muitos outros ministérios e serviços que o Espírito do Senhor constantemente suscita na vida da mesma Igreja. Queremos finalmente escutar o seu apelo quando nos manda reforçar o empenho de todos nós, sacerdotes, religiosos e religiosas, leigos, comunidades cristãs em geral, na promoção das vocações sacerdotais. Precisamos de saber promover uma nova cultura vocacional na vida da Igreja e no concreto das nossas comunidades cristãs. Estes são os principais apelos que o Papa nos dirige no início do Ano Sacerdotal que estamos a viver. A eles queremos responder com a determinação da Fé e com o profundo desejo de todos sermos mais verdadeiros discípulos de Cristo.

 

2.

É  para o coração da Fé que, em primeiro lugar nos orienta a Palavra de Deus proclamada na Solenidade dos Apóstolos S. Pedro e S. Paulo, que já estamos a viver. A passagem do Evangelho de S. Mateus que acabámos de escutar tem como seu núcleo central a profissão da Fé de Pedro. Profissão de Fé que ele faz em nome do grupo dos discípulos. De facto Jesus pergunta a todos os que estavam no grupo, mas só Pedro é que responde. Esta profissão de Fé é em si mesma dom de Deus e não apenas resultado do exercício das capacidades humanas de Pedro. Por isso ele é proclamado bem-aventurado ou seja agraciado com o dom de Deus que o levou a professar a Fé no Mestre Jesus Cristo. “Bem aventurado és Simão, Filho de Jonas porque não foram, a carne e o sangue que to revelaram, mas sim meu Pai que está nos Céus. Esta continua a ser para todos nós a verdade da Fé, como foi para Pedro e os outros membros do seu grupo. Todavia, sendo do alto, a Fé não dispensa o empenho da pessoa, envolvendo todas as suas capacidades na procura de Deus e das Suas respostas. Também o grupo dos discípulos de que hoje nos fala o Evangelho se interrogava há muito sobre a pessoa de Jesus que eles seguiam e estimavam. E até conheciam as respostas mais comuns que circulavam na opinião pública sobre quem seria Jesus. Essa pedagogia da Fé precisamos nós também de continuar a cultivá-la no conjunto das nossas comunidades cristãs que precisamos de transformar cada vez mais em escolas da Fé. Escolas que pretendem transmitir uma mensagem; pretendem transformar o coração das pessoas, ajudando-as a tomar boas decisões; escolas que hão-de acompanhar as mesmas pessoas nas boas práticas. Nestas escolas só temos um mestre que é Cristo e os catequistas são os seus mais directos colaboradores; alunos são todos os que aceitaram ou aceitam o convite para serem discípulos, a começar pelos já baptizados; o programa é o mesmo Cristo e a Sua mensagem e não faltam os textos escritos que são a referência obrigatória para conhecer e viver esta mensagem. Esses são a Bíblia e o Catecismo.

Depois da profissão da Fé, Jesus entrega a Pedro a responsabilidade concreta de garantir a apostolicidade da Igreja e o seu governo. Sabemos que esta responsabilidade foi partilhada por todo o Colégio apostólico e hoje é continuada no Colégio dos Bispos e partilhada pelos seus colaboradores mais directos que são os sacerdotes ordenados no 2.º grau do Sacramento da Ordem.

 

3.

É esta colaboração que a partir de hoje vos é pedida a vós Hugo e Celso que vos apresentais para serdes recebidos na Ordem dos Presbíteros através do 2.º grau do Sacramento da Ordem.

Pensastes de certo muito e bem neste dia e nas novas responsabilidades que ides assumir, mas também no imenso dom para toda a Igreja que vai passar pelas vossas vidas.

Por isso não esquecereis as promessas que dentro de momentos ides fazer diante de mim, diante dos sacerdotes presentes e por eles diante do presbitério que vos vai acolher, assim como diante do Povo de Deus aqui reunido. E de entre as promessas que ides fazer, sublinho a união a Cristo, Sumo Sacerdote que por nós se ofereceu ao Pai como vítima Santa. O que nos é pedido a nós sacerdotes e que vós hoje publicamente aceitais realizar é que com Ele nos consagremos a Deus para salvação dos homens.

Damos abundantes graças a Deus pelas vossas disposições. Mas não posso deixar de vos lembrar, nesta hora de abundante regozijo e mesmo júbilo para vós, vossas famílias, comunidades paroquiais de origem e Seminário que vos acompanhou até este momento; digo não posso deixar de vos lembrar que levamos este maravilhoso tesouro em vasos de barro. Por isso a única garantia da nossa fidelidade é a união a Jesus Cristo, a determinação de sermos sempre Padres segundo o coração de Cristo. E não esquecereis que a nossa saúde global, com implicações nas próprias energias físicas tem a sua fonte nesta relação viva e vital com Cristo. Por isso a nossa espiritualidade sacerdotal tem de ser o eixo e o motor de toda a nossa actividade pastoral que, sendo variada, tem de receber a sua unidade e coesão deste contínuo relacionamento com Cristo. Está, de facto, aqui o verdadeiro segredo do êxito de todo o nosso trabalho.

Desejo dizer-vos nesta hora de grande alegria para vós, para a Igreja e para a nossa Diocese que nas minhas frequentes deslocações pelas paróquias tenho recebido testemunhos, mesmo colectivos, de grande devoção pelos sacerdotes e pelo Ministério Sacerdotal. Este é, sem dúvida um bem que desejo convosco agradecer ao Senhor, mas também uma responsabilidade para nós. Nesta responsabilidade vejo primeiro o apelo de Jesus Cristo a vivermos com Ele a entrega generosa pela edificação da Igreja em cada uma das comunidades que nos são confiadas; mas vejo também a obrigação de ajudarmos o Povo de Deus a distinguir o que é essencial na vida e acção dos sacerdotes e o contributo que também podem e devem dar os muitos outros ministérios e serviços eclesiais que a força do Espírito Santo, por graça de Deus vai suscitando nas nossas comunidades. Recomendo-vos nesta hora, fazendo-me eco do convite do Santo Padre neste ano Sacerdotal, o especial empenho, com todos os fiéis que vos forem especialmente confiados, para promover em toda a nossa Diocese uma verdadeira cultura vocacional. No encerramento do ano Paulino, desejo também convosco sentir-me especialmente interpelado pela consciência da missão cumprida que revelam as palavras do Apóstolo Paulo no início da II Carta a Timóteo que hoje escutámos: “Combati o bom combate, terminei a minha carreira, guardei a Fé”.

Sabemos que o cumprimento desta missão só é possível na força da oração; da nossa oração pessoal, mas também da oração de todo o Povo de Deus por nós, para que a nossa fidelidade ao dom recebido cresça todos os dias. Por isso recordo convosco que a libertação de Pedro, pela mão do anjo do Senhor, se deu, porque, como diz o texto dos actos Apóstolos, “enquanto Pedro era guardado na prisão, a Igreja orava instantemente a Deus por ele”.

Estimados candidatos à instituição no ministério de Acólito, as palavras que acabo de dirigir àqueles que dentro de momentos passaremos a chamar Pe. Hugo e Pe. Celso são também para vós. E são para vós na medida em que subis hoje mais um degrau na caminhada para a meta que é também o ministério ordenado. Que Deus vos abençoe e ajude quantos estão directa ou indirectamente implicados nesta vossa caminhada, a começar pelo Seminário; a contribuir para que o vosso discernimento seja completo e verdadeiramente sério. O Povo de Deus espera pelo vosso serviço sacerdotal e reza por vós para que esse serviço seja o próprio Cristo a passar e a dar vida ao seu Povo.

Termino renovado a nossa acção de graças ao Senhor, porque em acontecimentos como aqueles que estamos a viver, envolvendo a ordenação sacerdotal de dois Presbíteros, nos transmite a mensagem clara de que está connosco e com todo o Seu Povo. Esta é a razão da nossa esperança.

 

Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo